domingo, 9 de março de 2008

Perfil de um cidadão brasileiro.

Eliel Manoel de Jesus, 22, guardador de carros, pai de duas filhas, me conta feliz que em janeiro nascerá a terceira, é igual tantos outros brasileiros, que precisam trabalhar “duro” para sustentarem suas famílias.

Dono de um sorriso quase que perene me contou um pouco da sua rotina.

Eliel sai de casa todos os dias por volta de 8h30 da manhã, para trabalhar. Ele fica até as 17h guardando carros em frente a uma farmácia. Opa! Alguém vai saindo. Lá vai Eliel, acompanhado de seu sorriso, pegar suas moedas. Agradece, e volta balançando-as nas mãos firmes. Senta, do meu lado, ali na calçada mesmo, e continua a me contar a sua história. Os olhos, esses, sempre observando se alguém chega ou sai.

Antes de me falar do seu sonho: “Estou cuidando doutor” – grita a um senhor que acabou de estacionar seu veículo a nossa frente. Volta-se para mim e conta que quer ser promotor. Parece-me seguro que vai conseguir. “Estou fazendo Pró-jovem, ganho para estudar – ressalta – fiz curso de informática.” Conta-me com os olhos cheios de sonhos.

Olhos que se entristecem, quando me conta que tem medo de bala perdida: “Morava em um bairro muito violento, o ‘Três Barras’. Todo dia morria gente lá!” Depois que sua terceira filha nascer, ele e sua companheira, mãe das suas filhas, Maria José Duarte, 22, se mudarão para o bairro ‘Santa Helena’, que segundo ele é um bom bairro. A casa que irão ocupar é herança do seu pai que faleceu cedo, me conta. Percebendo a tristeza que tomava conta de sua face, nem procurei saber detalhes.

O trabalhador-estudante ganha entre 20 a R$ 30 por dia. Reclama que às vezes não é bem tratado. “Existem pessoas sem educação, mas são poucas.” – termina a frase correndo, mas uma vez atrás do seu ‘salário’. Fico observando-o, correndo de lá para cá. Ajeita um papelão ali, recolhe outro aqui. Moedas no bolso, e sorriso sempre na face.

Depois de uma longa conversa, informal, me despeço. Quem sabe a próxima vez que entrevistá-lo ele seja um promotor. Difícil? Talvez. Mas não impossível para o jovem, cheio de sonhos, Eliel.

Por Thiago Bertotti.

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