"O dia mente a cor da noite
E o diamante a cor dos olhos
Os olhos mentem dia e noite a dor da gente"
Fernando Anitelli
Existem amores que impregnam na alma
E mesmo muito tempo depois despertam sorrisos sinceros
De repente uma música, e pronto; as lembranças vêem
Mas vêem de uma forma boa, sem querer nada em troca
Apenas um lampejo
Que bom, que bom que foi real
Que bom que você ainda me faz sorrir
Thiago Bertotti.
“Só enquanto eu respirar eu vou lembrar de você, só enquanto eu respirar..."
Hoje eu chorei. Não, eu não estava triste – apenas refletindo.
Se não fosse tão tarde entraria em um ônibus qualquer só pra eu ver as pessoas.
Tanta gente, tanta história, tantos segredos.
Queria entender o amor, o ódio, a intolerância, a submissão, a entrega.
Sem entender certamente desceria no ponto final, caminharia sem rumo.
Porque há tanta coisa arquivada na mente de cada pessoa?
Tudo deveria ser mais claro.
Queria dançar uma música alegre. Dançar com desconhecidos. Sorrir. Partilhar. Integrar.
É preciso tão pouco. É preciso tanto.
Eu quis te conhecer; eu quis conhecer, mas cabe aceitar a obscuridade das pessoas.
Cada uma com seu baú secreto atirado nas costas.
Sentimentos não deveriam ser lacrados.
Thiago Bertotti
Velha e carrancuda A esperança chego e sentou. Acendeu um cigarro comprido e mal cheiroso, pediu um whisky. Reclamou a demora, até que lhe trouxeram com pressa uma boa dose. Nesse tempo todo nem me viu na mesa ao lado. Deus!, como ela estava corcunda. Fumei um, dois, três cigarros, e, ela ainda bebia e resmungava sozinha. Eu a olhava sério, mas ela insistia em não me ver. Era inquietante, a raiva subia pelas minhas veias cheias de álcool. Então, peguei um guardanapo gorduroso e escrevi; escrevi mais do que parecia possível caber no pequeno papel - reclamei, protestei! Ela já estava bêbada, quando eu ia saindo e joguei minha carta desaforada sobre sua mesa. Só então ela levantou o olhar e nossos olhos se alinharam. Eu não sorri. Sai. Vi de lampejo ela pegando o guardanapo cheio de protestos para ler.
Thiago Bertotti.
É difícil deixar o banco da praça,
Andar entre os pombos,
Com o coração na boca, declarar-se
É difícil temer o não, quando se sonha com beijos ardentes
O olhar acompanha o balançar da seda; o toque da mão
Os ouvidos ouvem a voz serena entre as crianças que brincam alegremente
O desejo arde no coração que palpita
Ah! Namoros antigos
Olhares tímidos subitamente assaltados
No meio das flores da praça
Thiago Bertotti.
Não quero sugar todo seu leite
Nem quero você enfeite do meu ser
Apenas te peço que respeite
O meu louco querer
Não importa com quem você se deite
Que você se deleite seja com quem for
Apenas te peço que aceite
O meu estranho amor
Teu corpo combina com meu jeito
Nós dois fomos feitos muito pra nós dois
Não valem dramáticos efeitos
Mas o que está depois
Não vamos fuçar nossos defeitos
Cravar sobre o peito as unhas do rancor
Lutemos mas só pelo direito
Ao nosso estranho amor
Caetano Veloso
Os dias passam pra eu te ver sorrir
Beijos, abraços, aconchego vão gastando as horas até você me [matar de amor
Na rua estreitas mãos dadas e risadas
No chão da praça flores perfumam nossos momentos
As histórias ficaram distantes
O relógio só bate para nós
Absorto
Os dias se arrastam, e eu só quero te ver sorrir
Thiago Bertotti
Eu já tentei te dizer
Eu já tentei te mostrar
Demonstrei, insisti...
Depois escrevi cartas com o olhar
Não houve acordo!
Continua pressuposto todo amor que sinto por você
Thiago Bertotti