domingo, 9 de março de 2008

A nova ordem...


Relembrando a ditadura


De 1964 a 1985, o Brasil foi submetido à Ditadura Militar. Uma época onde o povo deixava de exercer a democracia e o país era governado por militares da alta hierarquia. Os que criticavam o governo, podiam ser presos e torturados até a morte.

Humilhação, repressão, violência, medo, censura. Foi época de negação dos direitos humanos, de supressão da cidadania. Como já tinha escrito o poeta Carlos Drummond, “Este é tempo de divisas/ Tempo de gente cortada/ É tempo de meio silêncio/ de boca gelada e murmúrio/ palavra indireta, aviso na esquina”.

Época gloriosa do movimento estudantil. Coragem, sonhos libertários, utopia na alma. A juventude queria o poder do mundo! Na década mundial dos sonhos do “poder jovem”, no Brasil os estudantes iam para a rua contra o governo que esculhambava a universidade pública e contra o regime militar. Na cabeça, o grande hino da época, Pra não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré: “Vem, vamos embora/ que esperar não é fazer/ quem sabe faz a hora/ não espera acontecer”.

A polícia os combatia. Escudo, cassetete de madeira, capacete. Era hora de correria. Ainda dava tempo de pichar o muro com spray: “Abaixo a repressão!” Sai fora. O cheiro de gás lacrimogênio incomodava. Era hora de botar a pastilha efervescente debaixo da língua, lenço molhado no nariz. O pau cantava! Contra a violência cega, a consciência estudantil, contra a brutalidade do Estado, pedradas, xingamento e alma libertária transbordando.

Não havia graça nenhuma, tinha gente que saia sangrando, hematomas pelo corpo, muitos eram presos, humilhados.

A ditadura não se manteve só com violência física. Ela soube se valer de uma propaganda ideológica massacrante. Numa época em que todas as críticas ao governo eram censuradas, os jornais, a tevê, os rádios e revistas transmitiam a idéia de que o Brasil tinha encontrado um caminho maravilhoso de desenvolvimento e progresso.

Com tantas dificuldades, como continuar fazendo oposição ao regime? Para muitos jovens, só havia um caminho a seguir: a luta armada.

Houve guerrilha, mortes e mais mortes. Muitos militares abusaram do poder e espancaram brutalmente a população, para que revelassem os esconderijos dos guerrilheiros. Os prisioneiros eram torturados de forma bárbara e muitos encontraram a morte depois que o corpo virou uma massa de pedaços de carne e sangue. Essa foi a Guerrilha do Araguaia, destruída em 1974.

O que dizer dessa loucura toda? Foram adultos e jovens, homens e mulheres, muitos ainda adolescentes, que tiveram a coragem de abandonar o conforto do lar, a segurança de uma vida encaminhada, a tranqüilidade da vida de jovem da classe média, para combater um regime opressor com armas na mão. Pessoas que dão a vida pelo ideal da libertação de seu povo não podem ser consideradas criminosas. Mesmo que a gente não concorde com os caminhos trilhados. Eles mataram? Certamente. Mas nunca torturaram. Nem enterravam suas vítimas em cemitérios clandestinos. E se o tivesse feito, nada disso justificaria a tortura e o assassinato executado pelo Estado. Além disso, seria mesmo inadmissível pegar em armas contra um regime opressor que esmagava o povo brasileiro? Que moral uma ditadura tem para definir como deve ser combatida?

Déborah Cantarini.

Pesquisa: Nova História CRÍTICA

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