domingo, 9 de março de 2008

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Às vezes acho graça , quando paro pra pensar nos seres humanos de hoje, na mídia, nos valores atuais, na nova ideologia. Esse constante otimismo das pessoas e essa pseudo-indignação perante fatos como os escândalos na nossa política, reagem como se a corrupção fosse a última descoberta científica do século XXI. “Oh! Meu Deus! Existem corruptos no Brasil!”.

Maravilha o pensamento positivo que atrai mulheres, sucesso e alegrias sem fim. Porém, me deparo é com o trânsito pesado, as caras fechadas, as balas perdidas e fico pessimista quando abro os jornais ou vejo um noticiário na TV. O otimismo, definitivamente, não está ao alcance de todos.

Atualmente o sentido da vida desloca-se da fé (coração) e dos ideais (razão) para se centrar nos objetos possuídos. Se outrora éramos movidos pela religião, posteriormente pela razão, agora o mundo (o mercado!) não se interessa pelo homem religioso ou racional. Vive-se em função de bens finitos. Mesmo para um jovem morador da favela, o tênis de marca é mais importante que a escolaridade e a formação profissional. A pessoa é o que ostenta, e não os valores e propósitos que assume. As aparências contam mais que o ser, e ainda há o socorro miraculoso do marketing para nos convencer que o refrigerante descalcificador faz bem à saúde; imprime sedução à cerveja que alcooliza, concede status ao carro luxuoso. Vale a pena votar no político safado revestido de ética!

Vivemos numa sociedade que valoriza o lucro, o “jeitinho”, a trapaça, que retorna às premissas de Thomas Hobbes onde o homem é o lobo do homem, e os valores são reprimidos pelos interesses capitalistas. Quando aprendermos a nos indignar da nossa própria ambição, da nossa própria desonestidade e transmitir e adotar os bons valores, seremos e formaremos, certamente, pessoas íntegras e verdadeiramente felizes.

Déborah Cantarini.

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