quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Tempo
domingo, 10 de outubro de 2010
Maça verde.
Somos caixas cheias de bilhetes. Bilhetes de amor, bilhetes de dor, bilhetes de trem, bilhetes de cinema, bilhetes com endereços, bilhetes com telefones. Nossa caixa postal reserva sempre surpresas. É difícil existir, fácil é viver. Cada dia um bilhete é sorteado e desfrutamos um sabor. Um dia tem gosto de pipoca, um dia de tamarindo. E assim os dias vão passando como em uma loteria. Sorte, sorte! A caixa vai enchendo e tudo fará sentido um dia. Escolhas. Escreva seus bilhetes, coloque uma maça verde em cima e chore. Tente se reconhecer; escreva cartas maiores. Nada faz sentido, tudo fará sentido. Não adianta fugir; é loteria! São trilhos a seguir sozinho. Você tem os telefones, os endereços, os sorrisos; mas é você e você. Um dia a linha acabará e a caixa deve estar revirada. Experimentar todos os contos é ter existido. Sorria e morda a maça verde. Ainda há cartas para escrever.
Thiago Bertotti.
sábado, 9 de outubro de 2010
Lorca
Me perdi de você
A praça era braços quentes e tinha um som ao longe
Uma orquestra cantava a solidão e nosso romance ia desconstruindo
Beethoven não conseguiu sustentar as muralhas e tudo virou pó
Tive que correr para os desertos de Salvador Dali
Cheio de relógios o tempo me corroia em lembranças de você
Mulheres nuas, mutiladas
Olhos, olhos
Pênis
Paris
Era a tortura de não ter você
As plásticas, os ovos;
O real doía
Não adiantava reconstruir nada
Era deserto
Me perdi de você e entre relógios me aprisionei
Murchei
Até virar mais uma caveira retratada em um quadro qualquer
Thiago Bertotti.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Ampulheta
.
Thiago Bertotti.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Moldura.
Namorados na grama. Gastando o tempo, vendo as nuvens passar. O céu azul, os raios de sol. O ipê os acaricia com pétalas sopradas pelo vento. É um livro antigo. São histórias e versos, recheados de suspiros. Um passarinho pousa perto. As crianças correm rindo. É um doce conto. Recheado de paz e vento. O sol deixa os olhos miúdos. O infinito acima. O toque repentino dos dedos. É um sonho bom. Um rio correndo. Margens lajeadas de alegria. Um afago. É um romance que se estende pela grama verde. É o segredo de nós, ali, exposto. É o vento quente. É um bom disco. É um labirinto em mim. Um cafuné. Um beijo roubado. Uma caricia. Namorados rolando na grama escrevendo um conto de amor. É um dicionário. É um livro aberto. É um baú sem cadeado. Tem sonhos no ar. Têm namorados na grama.
Thiago Bertotti.