domingo, 20 de setembro de 2009

Para: Esperança

Velha e carrancuda A esperança chego e sentou. Acendeu um cigarro comprido e mal cheiroso, pediu um whisky. Reclamou a demora, até que lhe trouxeram com pressa uma boa dose. Nesse tempo todo nem me viu na mesa ao lado. Deus!, como ela estava corcunda. Fumei um, dois, três cigarros, e, ela ainda bebia e resmungava sozinha. Eu a olhava sério, mas ela insistia em não me ver. Era inquietante, a raiva subia pelas minhas veias cheias de álcool. Então, peguei um guardanapo gorduroso e escrevi; escrevi mais do que parecia possível caber no pequeno papel - reclamei, protestei! Ela já estava bêbada, quando eu ia saindo e joguei minha carta desaforada sobre sua mesa. Só então ela levantou o olhar e nossos olhos se alinharam. Eu não sorri. Sai. Vi de lampejo ela pegando o guardanapo cheio de protestos para ler.


Thiago Bertotti.

Um comentário:

Igor Baseggio disse...

genial! imaginei toda a cena na cabeça enquanto li.