quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Beijo antigo

Música lenta, fumaça e vozes. Sorrisos, gritos e mais cortinas de fumaça. Em um canto distante atordoado, talvez inebriado pela fumaça maçante do meu cigarro, combinado com a dos outros, observo. Pessoas andam ritmadas, alcoolizadas, caindo, rindo para o nada. Em um canto escuro um beijo quase se revelava ao sexo, ali mesmo - estão protegidos dos olhares pelo desejo. Dança cheia de tesão. Tudo intenso e frio. Frio! A Argúcia dos namoros antigos se perdeu na dança, saiu rodando pela janela e fugiu com um foguete da NASA. Os beijos são números. 1, 2, 3, 498 – todos apenas saliva e língua. Estimulo para o desejo carnal. A doçura dos olhares vergonhosos, da mão tímida, do beijo que alimenta o corpo e a alma sumiu. E eu ainda quero carne, quero sangue, quero espírito. Quero inteiro, quero desejo antigo e gosto de pecado na saliva.

Thiago Bertotti.

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